Pernambuco era uma das únicas duas capitanias que deram certo no Brasil Português (a outra capitania era São Vicente). Pernambuco era o trem do Brasil, e o açúcar era o combustível (coisa que Lula fará voltar). A Holanda financiava a produção açucareira e distribuía o produto na Europa. Assim, os burgueses holandeses, prósperos, ocupavam um lugar de destaque nos negócios europeus.
Nessa época, a Holanda era uma possessão espanhola, deixada como herança por Carlos V a seu filho Filipe II. Mas, não era nada boa a relação entre os dois lados, espanhóis e holandeses. Além da dominação física e econômica, o protestantismo calvinista praticado pelos holandeses entrava em choque constante com o catolicismo do rei. Assim, o estopim para uma separação foi o aumento dos impostos cobrados aos comerciantes locais. Em 1566 foi iniciado um movimento contra a dominação espanhola, vindo a se concretizar a separação em 1581.
Enquanto isso, em Portugal o trono ficava vago. Dom Sebastião morre e sobe ao trono seu tio-avô, o cardeal Dom Henrique, que morre dois anos depois sem deixar herdeiros. A falta de sucessores leva Filipe II (aquele mesmo, lá de cima) a se proclamar rei de Portugal, sob a alegação de ser neto de Dom Manuel, rei português à época do Descobrimento do Brasil. Formava-se, assim, a União Ibérica. O Brasil, agora, era assunto espanhol.
Já no início do século seguinte, os Países Baixos tornaram-se a maior potencial comercial da Europa, com uma frota mercantil extraordinária, responsável pela redistribuição dos produtos coloniais. Em 1609 foi assinada uma trégua política com a Espanha, facilitando ainda mais seu crescimento.
Vendo o sucesso da Companhia das Índias Orientais, os holandeses decidem criar a Companhia das Índias Ocidentais, visando (é claro!) o Brasil, pois era daqui que precedia o açúcar distribuído por eles. Fracassaram na primeira tentativa de invasão, pela Bahia. Então, voltam a atenção ao núcleo da produção, a capitania Pernambuco.
Ora... não foi díficil a invasão por Pernambuco. Foi em 14 de fevereiro de 1630, pela praia de Pau Amarelo, ao norte de Olinda, comandada pelo almirante Lonk. Começava, então, uma guerra que duraria 24 anos, podendo ser dividida em três fases: conquista (1630-1637); administração (1637-1642); e, insurreição (1642-1654).
Logo após ter invadido, os holandeses de imediato se dirigiram ao sul, visando atacar as cidades de Olinda e Recife. Consolidado na região, Weerdenburch, o comandante holandês, incendiou parte de Olinda para ter controle sobre um território menor, principalmente por causa do porto da cidade, de onde receberia alimentos e reforços.
Em 1631, iniciaram o ataque a Itamaracá, além de Weerdenburch, os generais von Schkoppe e Artichofsky. Entre os que cerraram fileiras no Arraial se encontravam Martim Soares Moreno, Luiz Barbalho, o índio Antonio Felipe Camarão e o negro Henrique Dias.
1632 foi decisivo para os holandeses, pois foi o ano em que chegou reforços para as esquadras holandesas, e ocorreu a deserção de Domingos Fernandes Calabar, um dos mais capazes capitães de Matias de Albuquerque, donatário de Pernambuco. Calabar passou a colaborar com os flamengos, influindo em grandes vitórias. Aí, eu abro um parênteses. Os historiadores o tratam como traidor da causa nacional. Mas, que causa nacional? Causa nacional portuguesa?! Eu me alio a corrente de historiadores que defendem a posição de Calabar. Ele, se vendo diante da dupla ação, continuar seu país colônia portuguesa ou tornar-se colônia holandesa, preferiu a segunda opção. Hoje, a história é contada por um lado explicitamente português, tratando Calabar como traidor.
Também em 1632 veio para cá dois altos conselheiros para implantar uma administração que maximizasse a exploração da colônia e organizasse o território, que ia se expandindo. A resistência pernambucana ia desmoronando, caindo o Arraial do Bom Jesus (aproximadamente onde é hoje o bairro de Casa Forte, no Recife) e o Cabo de Santo Agostinho, onde se situava o porto (de Suape) por onde os lusos-brasileiros se abasteciam desde a queda de Recife.
Matias de Albuquerque se retirou para o sul, em direção ao São Francisco. Os indígenas fugiram para o interior, voltando a se estabelecer nas suas tribos e nações. Os negros organizaram-se em quilombos, onde voltavam a viver à maneira africana. O mais famoso quilombo, o de Palmares, subsistiu à dominação holandesa e resistiu por mais de seis décadas às investidas que lhe foram feitas.
Fonte: http://www.memorialpernambuco.com.br/memorial/paginas/historia/112batalha_dos_guararapes_2.htm
Sobre a fama de Calabar: http://www.memorialpernambuco.com.br/memorial/paginas/historia/112batalha_dos_guararapes_4.htm
Recado: Nas próximas postagens, eu falarei sobre a Administração Holandesa e a Restauração Pernambucana.
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