O PT - Partidos dos Trabalhadores (registrado em 11 de fevereiro de 1982) é, realmente, um partido complicado (mais até que o PMDB, porque, neste, os partidários têm opinião diferente, mas não vão lavar roupa suja na imprensa). Mas, só podia ser complicado, pois ambrange tendências de extrema-esquerda (muito pouco hoje) até a esquerda liberal.
Mesmo sendo recente sua criação (26 anos), pode contar histórias, que vem desde antes. Remonta às greves de metalúrgicos do começo dos anos 1970 (enfrentando a ditadura), que tinha entre seus líderes Luis Inácio da Silva, conhecido por Lula. Esse movimento foi ampliado para outras classes de trabalhadores, tendo a CUT à frente.
Composto por dirigentes sindicais, intelectuais de esquerda e católicos ligados a Teologia da Libertação, se recusaram a participar da eleição do Colégio Eleitoral quando disputavam Paulo Maluf e Tancredo Neves, pois achavam que só participar era legitimar o governo ditatorial.
Em 1989, na primeira eleição direta para Presidente da República, seu principal expoente, Lula, chegou ao segundo turno com Fernando Collor. Mesmo com o apoio do PSDB, que concorrera no primeiro turno com Mário Covas, Lula não foi eleito devido às grosseiras e explícitas manipulações do debate eleitoral da Tv Globo (naquela época, às 9 da noite 80% da população já estava dormindo, e o debate só foi visto no dia seguinte, todo editado de modo a favorecer Collor).
Deu no que deu! Collor fez aquilo que a Tv Globo disse que Lula faria.
Em 1994, visto o precedente de 1989, estava sendo costurado uma aliança PSDB-PT. Porque não foi pra frente? Vamos abrir um parênteses. Não era todo o PSDB que queria a aliança. O PSDB chegou a participar timidamente do Governo Collor, aumentando a participação quando Itamar (PMDB-MG) assumiu. O PSDB era a favor do parlamentarismo no plebiscito de 1993, pois, assim, Lula podia se candidatar a Presidente, que não teria tanto poder quanto o Primeiro-Ministro, um pê-esse-dê-bista (mais provavelmente FHC).
Pois bem... o presidencialismo venceu (de novo), e aí o PSDB procurou os partidos. Se aceitasse a aliança com o PT, seria Lula e Tasso Jereissati na vice-presidência. Se aceitasse a aliança com o PFL, seria FHC e Marco Maciel na vice-presidência. Mas, porquê o PFL? Porque o PSDB precisava de votos no NE, curral eleitoral do PFL na época (os Sarney no Maranhão, ACM na Bahia, os Magalhães em Pernambuco, os Maia no Rio Grande do Norte, os Cunha na Paraíba, e por aí vai). Fecha parênteses.
Aí , Lula tentou em '94, e foi derrotado por FHC. Mas, tinha '98. Tinha. FHC, presidente, dando início ao chamado mensalão, comprou deputados e senadores para aprovar a Emenda Constitucional nº 16/1997, que garantia uma reeleição para os cargos executivos. Lá se foram mais 4 anos.
Como todos sabem, em 2002, Lula chega à Presidência, tornando o PT o maior partido de esquerda da América Latina. Hoje, o PT passa por uma certa crise de identidade por causa dos grupos ideológicos internos. Mas, como demonstrou em outras ocasiões, o interesse do partido em resolver os problemas nacionais estão acima dos interesses dos grupos partidários.
Mesmo que o partido não queira dividir muitas vezes o poder (o que eu acho legítimo, qual partido hoje não quer o poder na sua totalidade?), não vejo porque o partido também não possa indicar representantes para liderar processos de esquerda. O partido não se entregou aos auspícios neoliberais, ao contrário, sua ala majoritária sempre foi social-democrata.
O desafio do partido nessas eleições é consolidar prefeituras onde já tem um trabalho forte, apoiar candidatos de partidos governistas em cidades onde o PT não é forte, e conquistar prefeituras de cidades que estejam na mão da oposição (principalmente as capitais do Sudeste e Sul).
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