"Polícia x Polícia". Esse foi o título de todas as manchetes nos jornais impressos e da televisão, sobre o confronto entre policiais civis e policiais militares do Estado de São Paulo. Eis a história.
Os policiais civis entraram em greve, a um mês, reivindicando melhores salários. O Governador José Serra não negociou, em nenhum momento, o reajuste. Ofereceu uma proposta, recusada pela categoria.
Então, o que houve? Policiais civis fizeram uma marcha em direção ao Palácio dos Bandeirantes, sede do Governo paulista. Na marcha, estavam presentes representantes dos sindicatos e centrais sindicais. Ao se concentrar em determinado ponto de uma via, próxima ao Palácio, a Polícia Militar, provavelmente o destacamento que cuida da segurança do Palácio fez uma barreira.
Como não estava presente, eu não posso apontar erros. Mas, quero fazer questionamentos.
1º questionamento: foi avisado à PM que ia haver essa manifestação? Foi avisado à Assessoria do Palácio dos Bandeirantes que os representantes dos policiais civis queriam discutir o reajuste dos salários? Ou chegaram lá, sem ninguém saber?
Resposta: Foi avisado, sim, à PM que ia haver essa manifestação, pois, segundo o Jornal Nacional (PIG-RJ), que é do PIG, a PM já estava com três barreiras prontas, muito antes dos manifestantes chegarem no local. Se fosse o contrário, se os manifestantes tivessem chegado de sopetão, o JN diria isto.
Um grupo de representantes da categoria foi falar com a PM, para tentar negociar com o Governador José Serra. Não deixaram passar. Aí, todos os manifestantes quiseram protestar em frente ao Palácio dos Bandeirantes. Passaram pela primeira barreira e pela segunda barreira. A terceira barreira era feita também com carros da PM, além de soldados. Aí, o pau comeu.
2º questionamento: quem reagiu primeiro? Haviam manifestantes, policiais civis, armados?
Aí, já é mais díficil responder.
O fato é que, definitivamente, o Governo não quer negociar. Os policiais civis querem 15% agora em 2008, 12% em 2009 e mais um percentual aí em 2010. O governo paulista ofereceu 6,5% e reestruturação da carreira. A partir deste momento, poderia haver diálogo, mas não. O governo, na verdade, quer impor sua proposta. Ou pega, ou nada feito. Isso não é negociação. Apresentar proposta e lavar as mãos não é negociação.
Ao saber que ia ter manifestação contra sua decisão, José Serra mandou fazer as barreiras de PMs. Por quê? Por que ele não quer negociar.
Esse confronto tirou das manchetes o sequestro de Eloá, que foi mantida em cárcere privado a quatro dias (mais de cem horas). Lá para às 18:30, uma força tática da PM/SP invadiu o apartamento e socorreu as reféns. As informações, nesse momento, são de que as meninas foram baleadas e estão em estado gravíssimo, principalmente a ex-namorada do sequestrador, que está em coma induzido. A PM foi duramente criticada depois de uma estratégia mal sucedida. A adolescente, amiga da ex-namorada do sequestrador, já teria saído, porém, voltou ao local, a pedido dos policiais, para, segundo um acordo feito, sair logo em seguida. Também foi muito criticada a apresentadora Sônia Abrão, pois esta teria conversado com sequestrador na quarta.
Voltando ao assunto... José Serra me relembra os presidentes pré-Revolução de 1930. Para eles, greve era caso de polícia!
Além de se eximir de negociar com os policiais civis, José Serra ainda jogou a culpa para os partidos de oposição do governo paulista e às forças sindicais. Pois, vocês podem ver e rever as imagens divulgadas pela imprensa, principalmente passadas na quinta no programa "Brasil Urgente", da Band, com José Luiz Datena, e não verão um militante do PT. Ao contrário, verão vários manifestantes com camisas brancas e escrito "PSDB" atrás!
E aí vem a matéria do jornal "Estado de São Paulo" (PIG-SP): "Policiais civis do País podem parar em apoio à categoria em SP" ( http://www.estadao.com.br/cidades/not_cid261314,0.htm ).
Alguém precisa avisar a José Serra, o Presidente-eleito-em-2010 segundo o jornal "Folha de São Paulo" (PIG-SP), que ele perdeu alguns milhões de votos de policiais civis de todo o país e de seus familiares.
José Serra falou que o PT não é um partido de esquerda. José Dirceu já falou que José Serra não é de direita, e sim de esquerda. É por isso que, em certos momentos, eu concordo com o José "Macaco" Simão que o Brasil é o país da piada pronta.
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