quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Complicação? Não, confusão mesmo

O grande tributarista José Souto Maior Borges, em uma palestra em que compareci, disse que o sistema constitucional tributário é uma confusão. Se o sistema tributário na Constituição é uma confusão, imaginem o que deve ser o sistema tributário infraconstitucional, aquele definido pelas leis. Razão pela qual Souto Maior não chega nem perto do sistema tributário infraconstitucional.
Antes de falar sobre a reforma tributária, eu preciso falar sobre como é atualmente o sistema tributário constitucional.


Do artigo 145 até o artigo 162 a Constituição fala de: 1) princípios gerais; 2) limitações do poder de tributar; 3) impostos da União; 4) impostos dos Estados e do Distrito Federal; 5) impostos dos Municípios; 6) repartição das receitas tributárias.
Obviamente, é um conjunto de regras gerais, que vão disciplinar genericamente o sistema tributário nacional.

Há três tipos de tributos: 1) Impostos; 2) Taxas; 3) Contribuições de melhoria.
Impostos são cobrados, independentemente do retorno do serviço do estado (art 16, Código Tributário Nacional).
Taxas são cobradas para o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte e posto à sua disposição (art 77, CTN).
Contribuições de melhoria são cobradas para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária (art 81, CTN).

Os impostos da União são cobrados sobre (art 153, Constituição da República): 1) importação; 2) exportação; 3) rendas e proventos; 4) produtos industrializados; 5) operações financeiras; 6) propriedade territorial rural; 7) grandes fortunas. Fora esses, a União só poderá instituir mediante lei complementar, desde que não-cumulativos.
Os impostos dos Estados e do Distrito Federal são cobrados sobre (art 155, CR): 1) transmissão 'causa mortis' e doação de quaisquer bens ou direitos; 2) operações relativas à circulação de mercadorias e prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação; 3) propriedade de veículos automotores.
Os impostos dos Municípios são cobrados sobre (art 156, CR): 1) propriedade predial e territorial urbana; 2) transmissão 'inter vivos', por ato oneroso, de bens imóveis e de direitos reais sobre bens imóveis; 3) serviços de qualquer natureza.

Essa divisão, "muito linda", de competências é um dos grandes entraves do crescimento e do desenvolvimento da economia do Brasil. Por exemplo, sobre um computador produzido em São Paulo, incidem inicialmente IPI, ICMS e ISS (sem contar os impostos sobre seus componentes, que podem vir a ser importados). Isso, em diferentes alíquotas, em diferentes dias, para diferentes entes. Um dos maiores departamentos de uma empresa é o departamente fiscal, exatamente pra dar conta de tantos impostos.

E tem mais: essa divisão não é pura. A Constituição prevê vedações, exceções das vedações, impedimentos, etc.


Quantos aos impostos estaduais, cada um tem sua legislação. Ou seja, são 27 leis diferentes sobre ICMS, 27 legislações diferentes de IPVA, e por aí vai. A mesma coisa quanto aos municípios: mais de 5.000 leis diferentes sobre o ISS, mais de 5.000 leis diferentes sobre IPTU, e por aí vai.

Esta é a razão, também, o porquê a influência do Mercosul ainda não aumentou. Adiantando um pouco do que irei falar sobre o Mercosul, na União Européia, cada país tem um IVA - Imposto sobre Valor Agregado.

Como é hoje? Um computador custa R$1000,00. O ICMS é 17%. Aí, dos R$1000,00, o estado tira R$170,00.
Como é com o IVA? Um computador custa R$1000,00. O IVA é 17%. Aí, o preço passa a ser R$1.170,00.

Depois dessa confusão de regras, exceções, restrições, impedimentos, e etc, a Constituição ainda prevê os repasses. Só para citar um. A Constituição obriga, no artigo 158, III, o repasse, dos Estados aos Municípios, de 50% do produto da arrecadação do imposto sobre a propriedade de veículos automotores licenciados em seus territórios (dos municípios).

Está aí descrito um dos maiores problemas do Brasil. Governistas e oposicionistas concordam que a reforma tributária é necessária. Seja para descomplicar a vida das empresas, seja para desburocratizar, seja para desonerar, seja para aumentar a influência do Mercosul no Brasil.

P.S.: A Reforma Tributária já está disponível no sistema da Câmara dos Deputados, recebendo o número Proposta de Emenda a Constituição 233/2008. Eu vou ler para poder explicar o que muda.

Quilombo dos Palmares

Todo mundo conhece as histórias de resistência dos quilombos, no período colonial do Brasil. Mas, vamos voltar às lições de história.

Os quilombos, como definiam os portugueses à época, eram toda habitação de negros fugitivos que passassem de cinco, em parte despovoada, ainda que não haja ranchos levantados nem se achem pilões nela. Assim, não precisava levantar muros para se considerar quilombo; somente precisava do elemento subjetivo (escravos fugitivos) e elemento objetivo (mais de cinco em parte despovoada).
Era uma reprodução do confronto que havia entre os colonos senhores de engenho e representantes do governo português. Certamente que, com o pacto colonial, imposto à força, só podiam vender para a metrópole portuguesa, além de exorbitantemente taxado. Da mesma forma que os colonos queriam se ver livres do governo português, os escravos queriam se ver livres dos senhores de engenho.
De forma que raramente se ouvia falar notícias de um quilombo, era mais comum ouvir falar do Quilombo dos Palmares. Representavam para os escravos, além da liberdade, um resgate da vida que levavam na sua terra-mãe, a África. Dentre os trabalhadores, havia lavradores, criadores e artesãos.

O militarismo fazia parte do cotidiano dos quilombos, com o propósito de defesa dos constantes ataques de forças contratadas pelos donos de terras. Nos quilombos maiores construíam-se fortificações, de forma a organizar a defesa e um possível contra-ataque. Faz parte da história os contos acerca do Quilombo de Palmares e sua organização militar mais estruturada dentre todos. A força era tanta que, em 1678, as autoridades portuguesas foram obrigadas a receber uma delegação palmarina com honras de embaixada.
Para derrotar o Quilombo dos Palmares, foram necessárias 17 expedições, sendo a décima sétima comandada por Domingos Jorge Velho.

E o Pernambuco Clássico com isso? Tudo. Naquele tempo, Pernambuco teve três dos principais quilombos: Andaraí, Xique-Xique e Palmares. Hoje, Palmares está compreendido no território do estado de Alagoas.

E o Brasil de hoje com estas revoltas? Os descendentes de quilombolas requerem, junto ao Governo Federal, a propriedade das terras em que estão. Além do mais, os quilombos estão incluídos no programa “Territórios da Cidadania”, que compreenderá ações conjuntas de 15 Ministérios no sentido de dar condições dignas de vida: educação, saúde, eletricidade, água, etc.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

A República é filha de Olinda

Nesse tema (tag: História de Pernambuco), eu vou falar sobre todas as revoluções que Pernambuco teve, demonstrando cabalmente que a história do Brasil sempre foi influenciada pela história de Pernambuco.

Eu vou falar sobre os seguintes fatos: 1) Quilombo dos Palmares; 2) Presença Holandesa no Brasil; 3) Proclamação da República de Olinda; 4) Insurreição Pernambucana (1817); 6) Confederação do Equador (1824); 7) Revolução Praieira (1848).
Minhas fontes vão ser o livro de história "Rumos da História - História Geral e do Brasil", de Antonio Paulo Rezende e Maria Thereza Didier, e o site http://www.memorialpernambuco.com.br/memorial/index.htm .

Quem diz que Pernambuco não influencia mais em nada na política do Brasil, está totalmente enganado. Mesmo que os tempos áureos das grandes revoluções nativistas ou separatistas tenham passado, os grandes políticos são pernambucanos.

Não esqueçamos, primeiro, do nosso Presidente. Paulista de formação, é natural de Garanhus, cidade do Agreste. Conhecida como a Suiça pernambucana, sua temperatura gira em média de 20º, podendo chegar a 15º e até 7º durante a madrugada. A menor temperatura registrada foi 4º. Quando ele vier se candidatar a Senador aqui, meu voto vai ser dele.

O atual Ministro das Relações Institucionais José Múcio (PTB), o ex-ministro da Ciência e Tecnologia e atual governador do estado Eduardo Campos (PSB) e o líder do PT na Câmara Maurício Rands são pesos a favor do governo federal.
Do outro lado, estão os senadores Marco Maciel (PFL), ex-vice de FHC; Sérgio Guerra (PSDB), atual presidente virtual do PSDB; e, Jarbas Vasconcelos (PMDB), ex-governador, que a Mídia (suja) convencionou chamar de "independente", só porque, mesmo pertecendo ao PMDB, não concorda com o governo federal.

Se vocês pensam que Pernambuco sempre foi assim, estreitinho, largo, estão enganados. Pernambuco ía do Ceará até Sergipe, pegando um pedaço do oeste da Bahia. Seu território foi dilapidado pelo Império de Portugal e pelo Império do Brasil, como sanção às revoltas ocorridas.
Vou mostrar que a primeira revolta republicana foi aqui. Vou mostrar que a primeira revolta liberal do Brasil foi aqui. Vou mostrar que o Brasil Velho, Pernambuco à frente, é importante até hoje, por tudo o que o Brasil é hoje, pois, se dependéssemos dos paulistas e sulistas em geral, seríamos um país predominantemente agrícola.


*Recado: Assim como eu expliquei a crise da economia ianque, vou explicar também a reforma tributária que o governo vai tentar aprovar esse ano no Congresso.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

A Base é importante!

Para finalizar a série sobre os partidos brasileiros, eu falo sobre três dos principais partidos da Base Aliada do Governo Lula: PTB, PDT e PSB.

Registrado m 03 de novembro de 1981, o PTB foi originalmente criado em 15 de maio de 1945, sob inspiração getulista, no bojo do Movimeno Queremista ("Queremos Getúlio"), que pedia uma Assembléia Constituinte com Getúlio na Presidência da República. Sua base eleitoral era o operariado urbano, com fortes ligações com os sindicatos. Ideologicamente, o PTB seguia o castilhismo gaúcho, o positivismo ("Ordem e Progresso"), traços de social-democracia e o pensamento de Alberto Pasqualini. Entre 1945 e 1964, foi o partido que mais cresceu. Fortemente ligado ao PSD (Partido Social Democrático), elegeram juntos vários presidentes. Em 1945, o PSD elegeu o general Eurico Gaspar Dutra, com o apoio do PTB. Em 1950, o PTB elegeu Getúlio (o PSD tinha lançado Cristiano Machado candidato). Em 1955, a coligação volta com o pessedista Juscelino Kubitschek e o trabalhista João Goulart. Somente em 1960, a coligação foi derrotada, por Jânio Quadros, o doido, do PDC, apoiado pela UDN. João Goulart foi reeleito vice-presidente (na época, o vice era eleito separadamente do presidente).
Daí em diante, vocês sabem da história: Jânio renunciou, e Goulart só assumiu num sistema parlamentarista, repudiado pela população em 1963. Veio o golpe, e o golpe dentro do golpe, com o AI-5, que, dentre as várias medidas, acabou com o pluripartidarismo. A maior parte dos políticos do PTB passou para o MDB.
Após a anistia, Leonel Brizola quis refundar a legenda, mas teve que enfrentar a ex-deputada Ivete Vargas, sobrinha de Getúlio Vargas, no TSE. Sofrendo derrota, Brizola fundaria o PDT - Partido Democrático Trabalhista.
Declarando-se, em seu programa, nacionalista, defensor da autonomia sindical e dos direitos trabalhistas consagrados na CLT, a prática política tem demonstrado apoio governista irrestrito, seja nos governos coronelista de Sarney, neoliberais de Collor e FHC, ou social-democrata de Lula, escancarando praticamente um partido fisiológico. Nos estados é a mesma coisa.

Registrado em 10 de novembro de 1981 (sete dias depois do PTB), o PDT - Partido Democrático Trabalhista surge da derrota judicial sofrida por Leonel Brizola, em que Ivete Vargas, sobrinha de Getúlio, reclamava a posse da legenda PTB, criada por Getúlio. Ao longo da década de 1980 e parte da década de 90, dividiu com o PT o posto de principal força de esquerda no país, fazendo oposição ao Governo FHC. Na eleição de 1989, Leonel Brizola era um dos presidenciáveis.
Dentro do partido, houve uma polarização de forças entre os grupos de Leonel Brizola e Anthony Garotinho, razão pela qual Garotino saiu mais tarde para o PSB. Brizola, antes de falecer em 2004, sempre se candidatou a Presidente e Senador pelo Rio de Janeiro.
Em 2002, o PDT apoiou Lula no segundo turno, chegando a ser da base até meados do primeiro governo, quando passou a fazer oposição. Alguns petistas chegaram a mudar para o PDT. Em 2006, o PDT liberou seus votantes para votarem em quem quisessem no segundo turno, não apoiando ninguém formalmente. Participa atualmente da base aliada com Carlos Lupi, presidente nacional do PDT e Ministro do Trabalho.
Definitivamente, o PDT não é fisiológico. Brizola nunca o deixou ser. Quando é para elogiar, os pedetistas elogiam. Quando é para criticar, os pedetistas criticam.

Por último, o PSB. Registrado em 01 de julho de 1988, o PSB foi criado em 1947. Antes de 1947, houve vários PSB's regionais. Em 1932 houve a criação de um PSB no Rio de Janeiro de formação tenentista e pró-getúlio.

Em abril de 1947, por ocasião da 2ª Convenção Nacional da Esquerda Democrática, no Rio de Janeiro, seus integrantes decidiram construir o PSB. De formação antigetulista, o PSB procurou representar uma alternativa ao PTB e ao PCB. Mesmo recebendo a adesão de intelectuais e estudantes, o PSB em 1950 ainda era fraco e pequeno, com ação praticamente limitada ao estado de São Paulo.
Isso levou o PSB a se aproximar com o PCB. Em alguns casos, o partido ofereceu a legenda para o lançamento de candidaturas comunistas. Em outros casos, obteve o franco apoio do PCB, como em Pernambuco, quando em 1952 lançou o jornalista Ozório Borba candidato a governador, sendo derrotado pelo conservador Etelvino Lins. Três anos depois, em 1955, o socialista Pelópidas da Silveira foi eleito prefeito da capital pela "Frente de Recife" (coalizão reunindo o PSB e o PTB, com o apoio dos comunistas), hegemonia de coalizão de esquerda que durou até 1964.
O suicídio de Getúlio Vargas levou o PSB a se recolocar no campo oposto ao PTB. Em 1955, o partido uniu-se a coalizão antigetulista liderada pelo general Juarez Távora, candidato apoiado pela UDN.

Ainda no começo dos anos 50, o PSB ensaiava uma aproximação política com Jânio Quadros. Em 1953, o apoiou na candidatura para prefeito de São Paulo. No ano seguinte, apoiou sua candidatura para governador. Mas, o programa político difuso de Jânio sempre esteve em choque com ideal marxista do partido, o que só foi resolvido com a expulsão dos janistas e o anúncio do apoio ao candidato adversário, o general Teixeira Lott (PSD-PTB), que foi derrotado. Com a renúncia de Jânio, defendeu a posse de João Goulart, e, devido à isso, o PSB foi atigindo de frente pelo golpe de 1964. Quase todos os partidários ingressaram no MDB.
Após a anistia, estavam dispersos. Uns permaneceram no PMDB (como Pelópidas da Silveira), uma grande parte se filiou ao PDT, enquanto a maioria dos intelectuais participaram da fundação do PT. Em 1989, apoiou a candidatura de Lula junto com o PCdoB. No início da década de 1990, Miguel Arraes se desfiliou do PMDB, indo para o PSB. Foi eleito deputao federal no mesmo ano, levando mais 4 deputados. Em 1994, foi eleito governador de Pernambuco. Não aceitou a filiação de Ciro Gomes (ex-PSDB). Perdeu em 1998 para o PMDB de Jarbas Vasconcelos.
Em 2000, aceitou a filiação do então governador Garotinho, o que causou atritos e saídas do partido. Em 2002, Garotinho concorreu a Presidência, ficando em terceiro lugar, e elegendo a esposa no governo do Rio de Janeiro. No segundo turno apoiou Lula, participando desde então do seu governo, primeiramente com o ex-ministro Roberto Amaral (Ciência e Tecnologia). O choque entre o presidente Lula e Garotinho intensificou o choque entre Garotinho e o PSB, fazendo-o sair do partido, indo pro PMDB e levando sua esposa e o ministro. Assim, o grupo político de Arraes volta ao comando do PSB, Eduardo Campos vira ministro, e, posteriormente, é eleito governador de Pernambuco.
Comentário: Hoje, sem dúvida, o PSB reconquistou o espaço perdido por causa da ditadura e das idéias novas com que veio o PT, com força total, na redemocratização. Tem direito a um bom espaço na Base, sem esquecer a história, a experiência: toda vez que o partido quis lançar nome próprio, se deu mal.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Acontecimentos históricos - Parte 2

Dando continuidade ao texto anterior...

O segundo acontecimento, que já está fazendo história, é a renúncia do líder comunista Fidel da Presidência do Conselho de Estado e do Comando-em-Chefe.

Eu creio que todos já saibam a história verdadeira da Revolução Cubana. Por isso, vamos para os motivos e conseqüências da decisão de Fidel.
O motivo foi puramente a saúde do 'El Comandant'. Realmente debilitado, ninguém tem condições de governar um país inteiro. Mas isso não o impede de continuar a revolução, que a partir de agora será através das palavras, nem nos impede de continuar a revolução que obrigatoriamente será através das ações.
Se já sabemos o passado, a questão agora é discutir o futuro. Domingo, o Parlamento Cubano elegerá o novo Presidente do Conselho de Estado e do Comando-em-Chefe. É provável que o legislativo ratifique a presença de Raúl Castro, atualmente na presidência interinamente.
No mais, espera-se uma mudança de atitude do governo ianque, muito mais por parte de um democrata, próximo ano, do que por parte de um republicano, seja neste ou num provável próximo futuro governo.

Especial UOL
http://noticias.uol.com.br/ultnot/especial/2008/cuba/
Especial IG
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2008/02/19/lideres_mundiais_repercutem_a_renuncia_de_fidel_1196354.html
http://ultimosegundo.ig.com.br///multimidia//galeria_de_fotos/2008/02/19/fidel_castro_87870.html

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Acontecimentos históricos - Parte 1

2008 mal começou, e já tem dois acontecimentos que ficarão para a história.

O primeiro, cronologicamente, em 17 de fevereiro, último domingo, foi a proclamação da independêcia do Kosovo. Última das repúblicas da antiga Iugoslávia, a independência de Kosovo era esperada para março desse ano, sendo uma supresa para todos ter ocorrido em fevereiro. Em sessão extraordinária, o Parlamento Kosovar proclamou a independência na presença do Primeiro-Ministro kosovar Hashim Thaci, que discursou no Parlamento após o ato de proclamação.
Como era esperado, o Parlamento sérvio "anulou" a proclamação de independência de Kosovo. Desde 1991 que a Iugoslávia deixou de existir por causa das independências de sus repúblicas. Em 1991, Eslovênia, Croácia e Macedônia deram início ao processo de desmantelamento. Em 1992, foi a vez de Bósnia-Herzegovina. Em 1999, Kosovo passou a ter um governo supervisionado pela comunidade internacional e pela ONU. Em 2006, Montenegro declarou sua independência.

Mas, porquê esse conflito todo? A antiga Iugoslávia remonta a 1463, quando o Império Turco-Otomano invadiu a Sérvia, submetida ao julgo turco até 1830 quando começou a ter autonomia. Declarou independência em 1882 com a ajuda dos países europeus. Em 1912 e 1913, se uniu a Montenegro para expulsar os turcos e conquistar territórios.

Em 1914, foi o assassinato por um sérvio do Arquiduque Francisco Ferdinando o estopim da Primeira Guerra Mundial. Na época, o Império Autro-Húngaro dominava a região. Com a vitória da Tríplice Entente, foi criada o Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos, formado por mais povos além destes, com a mesma origem, mas com religiões diferentes. Em 1929, o rei Alexandre mudou o nome do país para Reino da Jugolásvia (que significa "eslavos do sul").
Na Segunda Guerra Mundial, a Iugoslávia foi invadida pelos nazistas e fascistas. Surgiram, assim, movimentos de resistência, que realmente venceram a invasão externa sem a ajuda do Exército Vermelho. Tito funda a República Socialista Federal da Iugoslávia, que agrupava seis repúblicas: Sérvia, Croácia, Eslovênia, Bósnia-Herzegovina, Macedônia e Montenegro. Ele também criou um sistema de governo rotativo, que consistia na indicação de um presidente a cada período a ser feita por cada uma das repúblicas.
Essa paz só foi quebrada com a chegada de Slobodan Milosevic a Presidência da Iugoslávia, quando provocou e intensificou conflitos, em favor da Sérvia, contra as outras etnias da república dos eslavos do sul. Chegou a ser aberto um processo no Tribunal de Haia por vários crimes (dentre eles, genocídio), mas, ele se suicidou.

Porque o interesse na região? Por causa da proximidade com o Mar Adriático, de onde podem partir por terra ou por água, exércitos em direção à Europa, à Ásia ou à África, além de ter abundantes recursos naturais.
Porque os EUA foram o primeiro a reconhecer a independência do país? Além de conseguir mercado, o desejo dos EUA é aumentar a influência ocidental, anulando a influência russa, haja vista que russos e sérvios são parceiros.
Países como França, Alemanha, Reino Unido e Portugal não têm nada a perder. Já países como Espanha, Bélgica e Grécia já disseram que não reconhecerão, não pelo fato do país novo em si, mas por questões internas, mesmo. A Espanha, ao reconhecer Kosovo, passará um cheque em branco para o ETA voltar à ativa, reclamando a independência do País Basco. Não só com o País Basco, mas também com a parte norte da ilha de Chipre, que é reconhecida como país independente somente pela Turquia.
Na Bélgica, os conflitos são tão tensos que o país estava sem primeiro-ministro até pouco tempo. Isso porque a Bélgica é formado por holandeses e francófonos que, teoricamente, se alternariam no poder, o que foi quebrado ano passado. A região holandesa, ao norte, então, entrou em conflito com a região francófona, ao sul.
Por último, a Grécia teme perder a província da Macedônia, no norte do país, que, por coincidência ou não, faz fronteira ao norte com o país Macedônia, independente da Iugoslávia desde 1991.

Claro que muita água vai rolar. A decisão passará pelo Conselho de Segurança da ONU, onde muito provavelmente não será aprovado por causa da Rússia. Também, o novo país não tenha um assento na Assembléia Geral da ONU. Se os EUA quiserem realmente comprar essa briga, será muito díficil. Tudo muito imprevisível.

Especial UOL
http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2008/02/18/ult34u199471.jhtm

OBS.: Consultada a Wikipédia hoje (19/02), ainda não tinham mudado a história da ex-república socialista Iugoslávia, acerscentando esse novo fato.
OBS2.: Quanto ao segundo acontecimento, provavelmente amanhã eu postarei.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

PIG X Mídia Alternativa

Por Hudson Luiz - http://www.blogdohudson.blig.ig.com.br/

Começa a surgir na grande imprensa e no chamado PIG um movimento orquestrado com o intuito de desmoralizar, desqualificar e marginalizar aquilo que hoje vem sendo chamado de mídia alternativa e que aos poucos ganha corpo. Essa mídia alternativa, blogs e sites com conteúdo político independente, no geral se contrapõe à mídia controlada pelo grande capital, a mídia como puro e mero comercio e não como formadora de opinião e/ou utilidade pública. Alguns jornalistas pagos sobejamente para dizer ou escrever o que seus patrões querem, iniciaram essa semana a ofensiva contra esses espaços livres de influência e pressões comerciais dentro da Internet, criticando seu conteúdo. Parece ser sintomático essa atitude depois que o Movimento dos Sem Mídia – liderado pelo blogueiro Eduardo Guimarães – ter tomado a iniciativa de apresentar ao Ministério Público uma denúncia de atentado à Saúde Pública pelos meios de comunicação ao fazerem uma campanha alarmista incitando os cidadãos a se vacinarem contra a febre amarela "fossem de onde fossem" e "antes que fosse tarde".

Mais o PIG se viu, ainda que de forma branda, desgastado com as denuncias sobre cartões corporativos do governo federal, enquanto o governo paulista na atual gestão usa do mesmo tipo de cartão e gastou mais que o governo federal, inclusive em saques feitos na boca do caixa. Só divulgaram o SerraCard depois que o site de Paulo Henrique Amorim denunciou e o assunto começou a repercutir e no medo de, aí sim, uma acachapante desmoralização caso se calassem.

No caso dos cartões corporativos, como em outros, não se trata aqui de uma disputa entre peitstas e tucanos para saber quem tunga mais o dinheiro do povão, mas sim de colocar o pingo nos i. É assim que uma imprensa livre de verdade deveria ser em qualquer democracia – pelo menos no plano filosófico – dar a todos os mesmos direitos, fiscalizar a coisa pública e o gerenciamento do Estado, mas aqui no Brasil – digamos a verdade e não fiquemos nos lamentando achando que isso é uma jabuticaba, que só acontece no Brasil, em quase todo o mundo é assim – a imprensa só investiga o que lhe interessa, ou melhor, o que interessa aos seus donos. Um exemplo que salta aos olhos foi o espaço dado aos fariseus tucanos para explicações sobre sua suposta má conduta; espaço inversamente oposto ao que se dá ao PT e seus aliados quando estoura alguma denuncia fantasiosa ou digna de conhecimento do público. Mais e pior, a TV Cultura de SP, uma TV pública que nos últimos 13 anos foi aparelhada pelos sucessivos governos tucanos, foi censurada e não disse uma única palavra sobre o SerraCard. (Esse caso de censura na TV Cultura é mais grave do que se imagina, pois denota-se aí um verdadeiro amordaçamento da imprensa, ademais trata-se de um veículo de comunicação que na realidade é uma TV pública. E a Cutlura se diz: exemplo de TV pública. Imagine se isso acontecesse na Venezuela!!!).

Todavia o PIG vem caindo em descrédito muito por causa da sua própria atuação nos últimos tempos como agente golpista e porta-voz de uma direita reacionária e preconceituosa, mas também por conta da popularização da informática e a atuação crescente de espaços mais democráticos na Internet.

Nessa guerra que o PIG inicia contra a mídia alternativa chama atenção a postura do colunista, Clovis Rossi da Folha de SP – e que por uma dessas ironias do destino é casado com a presidente do PSDB Mulher –. Esse colunista chegou a chamar os blogueiros críticos da grande mídia de debilóides do lulo-petismo. Ficarei apenas com a carapuça – que mesmo assim não me serviu – de debiloide, uma vez que dispenso a alcunha de lulo-peitsta, não porque considero isso menos ou mais ofensivo do que ser puramente um debilóide e sim porque não compreendo totalmente o que possa ser este ultimo termo inventado pelo subordinado à família Frias.

Entre meus amigos muitos possuem o seu próprio blog e falando da forma objetiva e clara não vejo neles, ou em mim e meus parcos leitores, nenhum indício de nos tratarmos de debilóides ou algo que o valha. Todavia, isto sim, penamos hoje em dia por estarmos confinados a uma "ditadura do pensamento único", e como em toda a ditadura que se preze, esta também tenta desqualificar àqueles que não comungam de seus interesses, que não seguem sua cartilha ou não se fingem de cegos e guardam para si sua indignação perante esse poder podre e carcomido. A imprensa tupiniquim chafurda no "mar de lama" – sai pra lá Carlos Lacerda –, posa como legitimo fariseu defensor da democracia e se unge como guardiã da verdade absoluta – verdade ditada por ela mesma –. Me pergunto quem são os verdadeiros debilóides nessa história?

Seriam os extratos mais baixos de nossa sociedade que assistem ao Jornal Nacional e as telenovelas maniqueístas? A chamada classe média, ou pequena burguesia, que se sente bem informada por ler os editoriais do Estadão ou da Folhona; que embasbacadas batem palmas quando Arnaldo Jabour tece comentários esdrúxulos e patéticos – e sentem orgulho por “acharem que entenderam” aquilo que Jabour disse –; e que clamam por ética e justiça quando no fim de semana defrontam com a Capa de Veja? No primeiro grupo, privados de tantas as coisas e que vendem sua força de trabalho por ínfimos reais por hora – quando não centavos – não diria que se tratam de debilóides, mas sim de ignorantes. Ignorantes no sentido de não ter instrução porque a estrutura do sistema assim os quer. Já o segundo é debilóide porque muitas vezes, pode-se dizer sempre, não passam de massa de manobra das elites e aceita esse papel sem resmungar, pois o conforto do seu lar e a certeza de haver pessoas em condição econômica e social bem pior, os leva a agir de tal forma que não se reconhecem como explorados e não burgueses.

Ainda há um outro grupo formado pelas elites dominantes, os verdadeiros burgueses donos dos meio de produção e hoje dos de comunicação também. Os indivíduos desse grupo não podem ser alcunhados de debilóides, pois esses se favorecem do sistema tal como é e está. São defensores do "staus-quo", porque esse foi fundado e definido por eles próprios. E para legitimar esse estado de coisas, clamam por seus "cães de guarda", ou seja os pseudo-intelectuais, aqueles os quais Sartre já havia nos advertido.

Aqui vão alguns links de espaços na grande rede que gostria de compartilhar com vocês:
http://www.exercitocomunista.blogspot.com/
Do nosso colaborador Renan Nunes

http://www.viomundo.com.br/
Um dos melhores sites de jornalismo do Brasil, dirigido por Luis Carlos Azenha

http://www.cartamaior.com.br/
Figurinha marcada entre os que procuram alternativas a grande mídia

http://www.alemdagrandemidia.blogspot.com/
Do camarada poços-caldense e companheiro de debates e lutas populares Lucas Chianello

http://www.correiocidadania.com.br/
Grande fonte de informação e alternativa ao PIG

http://www.revistaforum.com.br/sitefinal/blog/
Aqui você acessa o Blog do joranlista Renato Rovai e se quiser pega um link pra Revista Fórum

http://carosamigos.terra.com.br/
Site da revista de esquerda mais conhecida do Brasil

http://edu.guim.blog.uol.com.br/
Blog de Eduardo Guimarães, idealizador do Movimento dos Sem Mídia

http://pagina12.com.ar/
Site da publicação de esquerda de los hermanos argentinos. Bom pra se ter uma visão mais ampla da política latino-americana.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Ainda sobre a Crise da Economia Ianque

Alguém aqui lembra o que eu falei sobre a atual crise dos EUA? Alguém aqui lembra que eu fiz uma comparação entre a atual crise e a crise de 1929?
Ainda não leu? Leia: http://exercitocomunista.blogspot.com/2008/01/entendendo-crise-dos-eua.html
Pois bem... visitando o Portal da Uol, me deparei com a seguinte chamada: 'Le Monde Diplomatique: Crise nos EUA: hoje, distribuição de renda é igual à de 1929' (http://diplo.uol.com.br/2008-02,a2214 - para assinantes UOL).

Claro que a matéria vem munida de números, gráficos, etc, para dizer, de uma forma capitalista, que os mesmos fatores que levaram a crise de 1929, estão levando os EUA (e o resto do mundo) para uma crise econômica capitalista.
Há um gráfico na matéria em que se mostra claramente a concentração desenfreada de renda nos EUA. Em 1928, os 1% mais ricos tinham 24% da renda total nos EUA. Situação semelhante vemos em 2005, quando os 1% mais ricos concentram 22% da renda total nos EUA.
Então, não adianta capitalista vir dizer que o mercado se auto-regula, pois, como vimos e vemos, isto é balela.

Não querendo me alongar na discussão, pois, não há muito o que dizer, só complementarei dizendo que não melhor que agora que há uma oportunidade de uma verdadeira revolução socialista. Quebrar os paradigmas, derrubar instituições que alienam, e trazer igualdade em todos os aspectos: social, econômico, político e cultural.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

A Verdadeira Social-Democracia

O PT - Partidos dos Trabalhadores (registrado em 11 de fevereiro de 1982) é, realmente, um partido complicado (mais até que o PMDB, porque, neste, os partidários têm opinião diferente, mas não vão lavar roupa suja na imprensa). Mas, só podia ser complicado, pois ambrange tendências de extrema-esquerda (muito pouco hoje) até a esquerda liberal.

Mesmo sendo recente sua criação (26 anos), pode contar histórias, que vem desde antes. Remonta às greves de metalúrgicos do começo dos anos 1970 (enfrentando a ditadura), que tinha entre seus líderes Luis Inácio da Silva, conhecido por Lula. Esse movimento foi ampliado para outras classes de trabalhadores, tendo a CUT à frente.
Composto por dirigentes sindicais, intelectuais de esquerda e católicos ligados a Teologia da Libertação, se recusaram a participar da eleição do Colégio Eleitoral quando disputavam Paulo Maluf e Tancredo Neves, pois achavam que só participar era legitimar o governo ditatorial.
Em 1989, na primeira eleição direta para Presidente da República, seu principal expoente, Lula, chegou ao segundo turno com Fernando Collor. Mesmo com o apoio do PSDB, que concorrera no primeiro turno com Mário Covas, Lula não foi eleito devido às grosseiras e explícitas manipulações do debate eleitoral da Tv Globo (naquela época, às 9 da noite 80% da população já estava dormindo, e o debate só foi visto no dia seguinte, todo editado de modo a favorecer Collor).
Deu no que deu! Collor fez aquilo que a Tv Globo disse que Lula faria.

Em 1994, visto o precedente de 1989, estava sendo costurado uma aliança PSDB-PT. Porque não foi pra frente? Vamos abrir um parênteses. Não era todo o PSDB que queria a aliança. O PSDB chegou a participar timidamente do Governo Collor, aumentando a participação quando Itamar (PMDB-MG) assumiu. O PSDB era a favor do parlamentarismo no plebiscito de 1993, pois, assim, Lula podia se candidatar a Presidente, que não teria tanto poder quanto o Primeiro-Ministro, um pê-esse-dê-bista (mais provavelmente FHC).
Pois bem... o presidencialismo venceu (de novo), e aí o PSDB procurou os partidos. Se aceitasse a aliança com o PT, seria Lula e Tasso Jereissati na vice-presidência. Se aceitasse a aliança com o PFL, seria FHC e Marco Maciel na vice-presidência. Mas, porquê o PFL? Porque o PSDB precisava de votos no NE, curral eleitoral do PFL na época (os Sarney no Maranhão, ACM na Bahia, os Magalhães em Pernambuco, os Maia no Rio Grande do Norte, os Cunha na Paraíba, e por aí vai). Fecha parênteses.

Aí , Lula tentou em '94, e foi derrotado por FHC. Mas, tinha '98. Tinha. FHC, presidente, dando início ao chamado mensalão, comprou deputados e senadores para aprovar a Emenda Constitucional nº 16/1997, que garantia uma reeleição para os cargos executivos. Lá se foram mais 4 anos.
Como todos sabem, em 2002, Lula chega à Presidência, tornando o PT o maior partido de esquerda da América Latina. Hoje, o PT passa por uma certa crise de identidade por causa dos grupos ideológicos internos. Mas, como demonstrou em outras ocasiões, o interesse do partido em resolver os problemas nacionais estão acima dos interesses dos grupos partidários.
Mesmo que o partido não queira dividir muitas vezes o poder (o que eu acho legítimo, qual partido hoje não quer o poder na sua totalidade?), não vejo porque o partido também não possa indicar representantes para liderar processos de esquerda. O partido não se entregou aos auspícios neoliberais, ao contrário, sua ala majoritária sempre foi social-democrata.
O desafio do partido nessas eleições é consolidar prefeituras onde já tem um trabalho forte, apoiar candidatos de partidos governistas em cidades onde o PT não é forte, e conquistar prefeituras de cidades que estejam na mão da oposição (principalmente as capitais do Sudeste e Sul).

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Alguns partidos de esquerda

Alguns partidos de esquerda são pequenos, mas não são fisiológicos. Um deles é o PCdoB - Partido Comunista do Brasil, registrado no TSE em 23 de junho de 1986. Uma dissidência do PCB, o PCdoB ainda não se consolidou. Muito mais por causa da voracidade do PT do que pelo esforço dos partidários. Participante do chamado bloquinho (PSB-PDT-PCdoB) da base de apoio do Governo Lula, se distanciou um pouco junto com os outros por causa da aliança do PT com o PMDB neste segundo mandato. É legítimo o PCdoB querer alçar vôo próprio, com candidatos próprios. Mas, isso representa um risco à Frente de Esquerda e ao próprio PCdoB.
Em 2000, o PT elegeu o prefeito do Recife, e o PCdoB elegeu a prefeita de Olinda. Em 2004, se reelegeram. Porquê em 2008, o vice-prefeito do Recife, que é do PCdoB, quer ser candidato, e o PT quer lançar candidato em Olinda? É algo meio irracional. Se o vice-prefeito de Recife for candidato à vereador, ele leva e leva mais alguns do PCdoB com ele.
Lembrando que Lula só subirá em palco de candidato governista onde a base aliada estiver unida.

Outro partido de esquerda pequeno é o PSTU - Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado, registrado em 19 de dezembro de 1995. De acordo com a Wikipédia, é a seção no Brasil da Liga Internacional dos Trabalhadores - Quarta Internacional. Agrega também dissidentes socialistas e comunistas oriundos da tendência intra-partidária Convergência Socialista, do PT .

Mais outro é o PPS - Partido Popular Socialista, registrado em 19 de março de 1992. Alías... se diz de esquerda, mas é veladamente um partido de direita. Dissidente do PCB, o PPS foi fundado por Roberto Freire numa tentativa de se apoderar da sigla PCB, a qual não conseguiu. Segue os princípios social-democratas, se alinhando totalmente com a direita. Participou ativamente do Governo FHC, junto com o PFL e o PSDB. Chegou a participar do primeiro mandato do Governo Lula, mas foi para oposição, afirmando sua genética pelega.

O quarto partido pequeno de esquerda é o P-SOL (eu grafo PSOL) - Partido Socialismo e Liberdade, registrado em 15 de novembro de 2005. Também dissidente do PT, o partido foi fundado por membros que acreditaram no mensalão: Helóisa Helena (expulsa do PT), Chico Alencar, Plínio de Arruda Sampaio (que fundou o PT), Ivan Valente, Luciana Genro (expulsa do PT), e outros. No decorrer do tempo, mais gente foi se filiando ao partido. Helóisa Helena, em 2006, concorreu à Presidência da República pela Frente de Esquerda, junto com o PCB e o PSTU.

Tem dois partidos em particular que eu gostaria de falar rápido. São o PR - Partido da República, registrado em 19 de dezembro de 2006, e o PRB - Partido Republicano Brasileiro, registrado em 25 de agosto de 2005. Eu tenho dúvidas quanto a estes partidos serem de esquerda.
O PR é o antigo PL (Partido Liberal) com novo nome. Aquele PL, onde 90% dos quadros do partidos esteve envolvido no mensalão, que ainda está por se provar. O partido era liberal só no nome. Composto quase que integralmente por evangélicos, é um dos partidos mais conservadores. Seu maior expoente é o senador Marcelo Crivella (RJ) - evangélico.
O PRB, segundo a Wikipédia, é uma dissidência do PL. Diz-se partido de centro-esquerda, mais próximo ao Governo Lula que o antigo PL. Eu, blogueiro, não vejo diferença entre o PR e o PRB. O maior expoente do PRB é o vice-presidente José Alencar.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

À Esquerda...

O registro do primeiro partido, depois da redemocratização, que se diz de esquerda é de 11 de fevereiro de 1982 - registro do PT - Partido dos Trabalhadores - no TSE.

Mas, historicamente fundado, o primeiro partido é o PCB - Partido Comunista Brasileiro, registrado mais recentemente em 09 de maio de 1996. Na história, sua fundação é de 1922, ano em que o Brasil completou 100 anos de independência. Não havia ano mais justo para a fundação do partido que iniciaria o movimento de esquerda no Brasil.
Para vocês verem a opressão que se fez durante o período de "existência" do partido, eu adianto que a licença do partido foi cassada 4 vezes durante estes 86 anos de "existência" - com aspas, até porque, mesmo declarado ilegal, seus membros não podiam parar de agir em prol do socialismo.

Se em 25 de março de 1922 ele foi fundado, em junho do mesmo ano sua licença foi cassada pela primeira vez pelo Presidente Epitácio Pessoa.
Volta a legalidade em janeiro de 1927, quando elege Azevedo Lima para a Câmara dos Deputados. Retorna a ilegalidade em agosto do mesmo ano. Já com Luís Carlos Prestes, o PCB passa a participar da Aliança Nacional Libertadora - ANL (que talvez eu explique em outra postagem o que é).

Sob o comando de Prestes, em 1935, acontece a Intentona Comunista (revolta retratada no filme "Olga"), em que se pretendia derrubar o Governo de Getúlio Vargas e implantar um governo socialista no país. Por causa disso, em 1937, Vargas implanta o Estado Novo, uma ditadura civil, passando a perserguir os comunistas.
Somente em 1945, com o fim do Estado Novo e com Prestes tendo sido anistiado, o PCB volta a legalidade, elegendo 14 deputados federais e um senador, o próprio Prestes, para a Assembléia Constituinte, para redigir uma nova Constituição em substituição a de 1937, outorgada por Vargas para a sua ditadura.
Com duzentos mil filiados em 1947, seu registro eleitoral é cassado pela terceira vez em abril, no Governo do General Gaspar Dutra (eleito "democraticamente", primeiro presidente discípulo de Vargas). No ano seguinte, seus parlamentares têm seus mandatos cassados.

Em setembro de 1950 o PCB institui uma campanha de legalização da sigla, o que o faz realizar várias mudanças: no nome (de Partido Comunista do Brasil para Partido Comunista Brasileiro, mantendo-se a sigla), no programa e nos ideias (abandono dos ideias maxista-leninistas). Posteriormente, o nome Partido Comunista do Brasil e a sigla PCdoB foram restaurados.
Se reorganizaram, e em 1962 a organização política foi alinhada com o Partido Comunista Chinas (PCCh), e, posteriormente, com a linha ideológica do regime comunista da Albânia e de seu líder Enver Hoxha.

Em abril de 1964, o regime ditatorial militar impôs o quarto período do partido na ilegalidade. Assim o foi até a anistia de 1979, quando seus dirigentes podem voltar ao Brasil. Mas, dos que estavam por aqui, muitos já se juntavam a frentes amplas de trabalhadores, embriões do Partido dos Trabalhadores.

A partir de 1989, com a crise do Leste Europeu e crise de representatividade (perdendo espaço para o PT), surge também uma crise dentro do PCB. Se divide, a grosso modo, em dois grupos: um grupo liderado pelo então senador Roberto Freire, que desejava abraçar o ideal social-democrata recém-surgido no Brasil com os partidos PT e PSDB, abandonando a revolução social e a herança soviética (até mesmo depois do fracasso da invasão do Afeganistão); e outro grupo liderado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, cartunista Ziraldo e outros intelectuais (de verdade!), que desejavam fazer uma análise do quadro da crise do Leste Europeu.
Roberto Freire consegue aprovar um congresso-relâmpago, onde pessoas não-filiadas decidiam o futuro do Partidão, conseguindo fundar o PPS - Partido Popular Socialista.
Após intensa disputa jurídica, na qual Freire queria registrar como propriedade sua a legenda PCB e entregar todo o documento histórico às Organizações Globo (ai que vontade de falar uma coisa nessa hora...), o grupo comunista consegue manter a sigla e o partido, derrotando Freire.

Comentário: Hoje, o PCB pode falar que é um partido, de pessoas ilibadas, idôneas. Qualquer ofensa ao partido eu consideraria crime. Acho legítimo o PCB não aceitar se filiar aos partidos de centro-esquerda, como PT, PSB, PDT, etc. Mas, hoje não vivemos num mundo de extremos. Até, porquê, poderiam compreender que, se Lula saísse gritando aos quatro ventos a revolução, como faz Chávez, a Globo chamaria a população para derrubá-lo. Então, melhor uma revolução silenciosa do que uma com violência.
Talvez eu fale do PPS num texto pequeno, ou junto com outros partidos, porque o PPS se mostrou o que é: um partido de direita.

Uma rápida sobre cartões corporativos

Eu não sou "maria-vai-com-as-outras" na vida, e muito menos na política. Mas, defensor que sou do Governo do Presidente Lula, tenho o dever moral de registrar o seguinte:

O Governo do Presidente Lula não tem o que falar sobre os gastos de cartões corporativos. Quem tem o dever de vir para a frente da câmera e vir falar algo é o senhor Fernando Henrique Cardoso, um ex-presidente de m****. Ele, e seus ex-ministros e ex-assessores.
Eles, sim, devem explicar o que faziam com o dinheiro público desde 1998, quando foi criado o cartão corporativo.
CPI deve investigar o que está obscuro, escondido, sigiloso, desconhecido. Os gastos do Governo Lula não estão desconhecidos, estão lá no Portal da Transparência para qualquer um vê. A CPI vai investigar o que está claro?! Pura perda de tempo!
Ao contrário dos gastos do Governo Lula, os gastos do Governo FHC não são conhecidos pelo público. Não estão disponíveis. É o que a CPI deveria investigar. Aí, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) saí com essa: "CPI que quer abraçar o mundo não dá em nada!". Ora, ano passado queriam investigar qualquer coisa que aparecesse sobre Renan Calheiros.

Outra coisa. Os gastos do cartão corporativo do Governo do Estado de São Paulo (que coincidência, São Paulo é governado por José Serra, do mesmo partido de FHC) também não são públicos! Vieram à tona por um deputado estadual paulista petista, através do site Conversa Afiada.
Ano passado, enquanto o Governo Federal gastou R$75.656.353,91 com cartão corporativo, o Governo do Estado de São Paulo gastou R$108.384.268,26.
Como era de esperar, os jornais "A Folha de São Paulo", "Estado de São Paulo", "O Globo", os telejornais "Jornal Nacional", "Jornal da Band", "Jornal da Record", e as revistas "Veja" e "Época" não falaram um p*t* pio sobre os gastos de cartão corporativo do Sr José Serra e sua turma de aspones.

Por isso, de hoje em diante, eu me nego a assistir mais televisão. Só internet e rádio. Jornal e revista, olhe lá!

Links extremamente confiáveis:
http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/477001-477500/477042/477042_1.html
http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/477001-477500/477183/477183_1.html
http://www.osamigosdopresidentelula.blogspot.com/
http://blogchicao.tripod.com/

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Previsões para 2010

Para falar de 2010, não consultamos Mãe Dinah, Jucelino da Cruz ou Padre Quevedo (sim, iço ecziste!). Simplesmente, olhamos para o que já está ocorrendo na política. Sim, as eleições de 2010 já começaram. Ou você acha que as eleições desse ano não vão dar uma ajudinha pros postulantes a 2010, principalmente, pro PT e pro PSDB?
Na teoria, há um pluripartidarismo. Na prática, temos um bipartidarismo. O Presidente é do PT (apesar de que o nome de Lula já é maior do que o do partido), e ao redor, temos o condomínio: PMDB, PSB, PDT, PTB, PTdoB, PCdoB, PP, PRB, PR, e por aí vai. O único partido que faz frente é o PSDB, tendo o PFL e o PPS gravitando ao redor. PSOL, PCO, PSTU, PV (e mais alguém?) sempre vão ser oposição, não importa o governo. Todo governo que não seja o deles será capitalista-imperialista-alinhado-com-os-EUA.

Pois bem... como anda as coisas nos partidos? O PT não tem candidatos até agora. Caiu José Dirceu, caiu Antonio Palocci e caiu José Genoíno. E Tarso Genro? Bem... se ele quiser enfrentar disputas internas e tentar não perder... Os nomes a serem artificialmente criados seriam Marta Suplicy, Patrus Ananias, Luiz Dulci e Dilma Roussef. A mais forte atualmente é a última, óbvio. Mas, não forte o suficiente pra enfrentar hoje um Aécio Neves, por exemplo. O Presidente não poderá simplesmente apresentar seu sucessor no ano da eleição, terá que fazê-lo conhecido.

Dentro do PSDB, temos virtualmente dois postulantes, porque quem vai sair como candidato, com certeza, é José Serra. E Aécio Neves sabe disso. Porém, não se mexe. E pode acabar perdendo também o espaço que tem no PMDB, pois dependendo do que aconteça esse ano, Michel Temer, que o quer no partido, pode ganhar ou perder poder no partido.
Para compor a chapa, José Serra espera contar com o apoio do PFL. Para contar com esse apoio, o PSDB terá que apoiar Gilberto Kassab, PFL-SP, candidato a reeleição da Prefeitura de São Paulo este ano. Porém, Geraldo Alckmin quer sair candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, pra voltar em 2010 à cadeira de Governador de São Paulo. Haverá um racha entre a ala pró-FHC (contra-Lula) e a ala contra-FHC (pró-Lula, enrustida). Poderá haver um racha também com o PFL, racha este que já vinha da Câmara dos Deputados.
Quanto à Arthur Virgílio, não é pra levar à sério. Era só brincadeira dele (embora ele ainda não tenha assumido isso). Acho que ele quer ficar com 3% dos votos. Na última eleição pra governador do Amazonas, em 2006, ele ficou em quinto lugar, com 4%. Melhor pra esquerda...

Com seus candidatos a prefeito em queda, (em São Paulo, Gilberto Kassab está em terceiro lugar, atrás de Marta Suplicy e Geraldo Alckmin; e no Rio de Janeiro, os oito pré-candidatos pê-efe-listas não fazem frente a Eduardo Paes, do PMDB, que é o favorito), o desejo de rejuvenescimento foi mais um desastre neste simbólico partido que vem da época de Getúlio (quer lembrar da história do PFL? veja o link lá embaixo).
O PFL não tem nem candidatos antigos fortes, nem candidatos novos. Marco Maciel (ainda senador) e Jorge Bornhausen (sem mandato eletivo) não têm graça (sic) eleitoral. Rodrigo Maia e ACM Neto são novos demais. Onyx Lorenzoni é conhecido só no Sul e Sudeste, perderia fácil nas outras regiões. O jeito seria, mais uma vez, indicar o vice do PSDB. Isso, se a relação deles não azedar de vez devido às eleições da cidade de São Paulo.

Quais nomes hoje têm força para disputar a presidência? Dilma Roussef (PT), José Serra (PSDB) Aécio Neves (PSDB) e Ciro Gomes (PSB). Qual composição, hoje, é imbatível? Aécio Neves (no PMDB, ou, como alguns apostam, no PT) e Ciro Gomes (PSB) vice.
Em vez de tentar lançar um nome, eu, se fosse o PT, tentaria cooptar Aécio Neves pra fazer dobradinha com Ciro Gomes. Porquê se o grupo de Michel Temer voltar à Presidência da República, voltaríamos a um Brasil da década de 1920 (economia agrícola, coróneis, pá).

Muitos criticam o fato de os pré-candidatos não terem definidos os programas de governo. Mas, aí, eu pergunto: como é que o político vai se definir, se o cenário em 2010 não está definido? E quando vai estar definido? Após as eleições municipais. A partir do momento que o candidatos estiverem em posse do mapa político conquistado, irão traçar as metas e alianças para 2010. Pra saber como funciona a política, tem que pensar como político.

Qual é o melhor cenário para a esquerda? O PSDB e PFL perdem São Paulo, Rio e Porto Alegre. A Esquerda se consolida nas capitais nordestinas e nortistas. A base aliada (PMDB, PR, PRB) ganha nas cidades menos extremistas. E a aliança PSDB-de-Minas e PT-de-Minas se estende para vários estados (claro que estas alianças só serão possíveis se as tendências mais ao centro dos dois partidos controlarem as agremiações).

Sobre o PFL: http://exercitocomunista.blogspot.com/2008/01/velha-direita.html
Mais sobre 2010 no Blog do Hudson: http://z001.ig.com.br/ig/62/61/1019837/blig/blogdohudson/2008_02.html#post_19059079