Nessa postagem, eu estreio mais um tema aqui nesse blogue: Filosofia.
Quando vazou a informação de que a Globo faria um programa estilo 'reality show', ou seja, espetáculo da realidade, com câmeras vigiando um certo grupo de pessoas morando por um determinado período de tempo em uma casa e disputando um prêmio de milhares de reais, programa esse sucesso por todo o mundo, o SBT lançou um semelhante, o "Casa dos Artistas", que abrigava artistas que estavam geladeira.
No final do mesmo ano foi lançado, pela Globo, o Big Brother Brasil - BBB. No ano seguinte, o Big Brother Brasil 2, e por aí foi nos anos seguintes.
"1984", best-seller de George Orwell, pseudônimo de Eric Arthur Blair, conta a história de um país totalitarista que tem o Ministério da Verdade (Miniver, em Novilíngua), ministério esse que modificava as notícias dos jornais antigos a seu favor, de acordo com o ditador da época. Na época em que foi escrito, em 1948, o autor tinha acabado de ver como Hitler, Churchill e Stálin modificavam as notícias, cada um a seu favor nos jornais de seus países.
Todos deste país paravam de trabalhar por dois minutos para admirar o Grande Irmão. Por toda a cidade, cartazes de "Big Brother is watching you", ou seja, "O Grande Irmão está te assistindo".
Nesse país, havia a Teletela, um aparelho de tevê dúplice: quem estava de um lado podia ver quem estava do outro, e vice-versa. E essa é a idéia mais ou menos do Big Brother - o programa. Mas somente para um lado. Nós, que estamos do lado de fora assistimos quem está do lado de dentro, mas quem está do lado de dentro não vê quem está do lado de fora (somente em ocasiões especiais, como o dia de eliminação, etc).
Outro Big Brother está sendo bastante polêmico no Brasil, e em Recife, em particular. Alguns blogueiros do blogue Acerto de Contas tem criticado a instalação de câmeras para vigiar a ocorrência de crimes em pontos estratégicos da cidade. Alega que não resolve o problema. Para quem quer ver uma postagem, é só acessar o endereço seguinte: http://acertodecontas.blog.br/atualidades/projeto-cameras-pela-vida-mostra-seus-primeiros-sinais-de-fracasso/ .
Aqui começo a falar minha opinião. Eu sou a favor da instalação de câmeras em pontos estratégicos das vias públicas para vigiar e identificar ocorrências criminosas. Ainda falta muito para qualificar isso como uma vitória do Grande Irmão, apesar de ser uma idéia completamente tirada do livro.
Quer ver outra? Empresas aéreas internacionais da Europa e dos EUA trocam informações sobre os passageiros, para evitar qualquer "surpresa".
Todas essas ações evitam um provável futuro crime? Não, assim como a Lei não impede a concretização de crimes. Está na Lei: "Matar alguém - Pena - reclusão, de seis a vinte anos."
Isso impede as pessoas de matarem? Não. O que impede as pessoas de matarem são a não-realização de seus motivos.
Alguém que mata por ciúmes, se não tiver ciúmes não matará. Aquele que mata para conseguir dinheiro, se tiver dinheiro não matará. Aquele que mata em razão de uma atividade ilícita (tráfico de drogas, p.e.), se não estiver exercendo atividade ilícita não matará.
A Lei não impede que as pessoas matem, furtem, roubem, etc. Mas, restringem suas ações. Muitas pessoas que "têm de tudo para ir pelo caminho errado" acabam não optando por esse caminho, porque sabem que, dentro do crime, ou com uma ficha policial, vai ser mais díficil viver.
A mesma lógica para as câmeras. A câmera não impede que as pessoas matem, furtem, roubem, etc. Mas, restringem suas ações. Com a câmera será possível identificar a fisionomia de criminosos. Quem negar isto estará mentindo.
Por fim, esse é um eterno Dilema do ser humano: optar pela Liberdade ou pela Segurança. Quanto mais livres os seres humanos, mais inseguros (vide atual crise econômico-financeira). Para aumentar a segurança, se tolhe a liberdade, regulando as relações sociais.
É uma questão de opção. É possível o equilíbrio? Talvez. Por enquanto, vivemos períodos de mais liberdade e, em sequência, períodos de mais segurança.
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