terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Dança das cadeiras políticas

Michel Temer (PMDB-SP) e José Sarney (PMDB-AP) foram eleitos Presidentes da Câmara e do Senado, respectivamente. Não é sem motivos que o PMDB é o maior partido do Brasil. Sempre foi Governo.

Independentemente do partido do Presidente da República, ele sempre divide o poder com o PMDB. E aqui eu faço uma ressalva: não o PMDB do Autêntico, originado do MDB da Ditadura. Desde Tancredo Neves que quem controla o PMDB é o grupo dos Moderados, tendo sido ele seu maior expoente. Ulysses Guimarães pertencia ao grupo dos Autênticos. E mais uma vez, o PMDB pode ser o fiel da balança numa eleição presidencial.

Na Câmara dos Deputados, teoricamente, a Casa Legislativa representativa do Povo brasileiro perante a União, se elegeu Michel Temer (PMDB-SP). O que isso signifca? 1) que ainda reina na Câmara um pouco de conservadorismo; 2) que o PT cumpriu sua promessa em alternar as Presidência da Câmara e do Senado; 3) que o PSDB e o PFL estão tentando se aproximar do PMDB para 2010. PT e PSDB votaram juntos em Michel Temer, demonstrando afinidades administrativas.

No Senado, teoricamente, a Casa Legislativa representativa dos Estados perante a União, foi eleito José Sarney (PMDB-AP), muito mais conservador do que Michel Temer. O que isso significa? 1) que ainda reina no Senado o conservadorismo absoluto; 2) O PFL, partido advindo da Ditadura, votou em Sarney; 3) PT e PSDB, partidos advindos da Abertura Política, votaram em Tião Viana. No PMDB do Senado, não é possível saber quem votou em quem.

O PMDB terá eleições para Presidente. Se o grupo de Michel Temer ganhar, é capaz de apoiar José Serra (PSBD-SP). Se o grupo de José Sarney ganhar, tende para Dilma Roussef (PT-?). Isso por duas questões: 1) em São Paulo, o PMDB de Quércia apóia Serra; e, 2) em 2002, quando Roseana Sarney (PMDB-MA) era uma promessa para a campanha presidencial, uma operação orquestrada pela PF (com o aval de FHC e José Serra) desmontaram um esquema nas empresas do marido de Roseana, esfacelando a sua candidatura. A Copa de 2002 eu nem me lembro, mas as imagens do Jornal Nacional eu me lembro: a PF entrando nas empresas do marido de Roseana, a cara dela saindo das empresas, enfim.

Na votação para as lideranças, José Aníbal (PSDB-SP, serrista) foi reconduzido ao cargo de líder do partido, após mudar o estatuto do PSDB 12 horas (!) antes. Dos 58 deputados integrantes da bancada do PSDB na Câmara, cerca de 20 assinaram um documento criando uma dissidência. É acompanhar para conferir.

E o Edmar Moreira (PFL-MG)? Renunciou este domingo ao cargo da 2ª Vice-Presidência, que acumula a Corregedoria. Tudo por que o PIG, "estranhamente", fuçou a vida dele e descobriu um castelo, no interior de MG, que foi construído com dinheiro dele, mas, no momento afirma que pretence aos filhos. Ora, me surpreende o PIG, um defensor dos neoliberais contra os comunistas, abordar diuturnamente o assunto do castelo, visando derrubar o Corregedor.
O pulo do gato está na composição da Mesa da Câmara. Michel Temer (PMDB-SP) é governista, não interessa se é PT ou PSDB. Então, no momento, ele é lulista e serrista. O 1º Vice-Presidente é Marco Maia (PT-RS). O 2º Vice-Presidente era Edmar Moreira (PFL-MG), aecista! O 1º Secretário é Rafael Guerra (PSDB-MG), aecista! Inocêncio Oliveira (PR-PE) e Odair Cunha (PT-MG) são 2º e 3º Secretários, respectivamente, também aecistas! O primeiro serrista é Nelson Marquezelli (PTB-SP), 4º Secretário.
Daí, não fica díficil adivinhar para quem a Globo trabalhou para que Edmar Moreira renunciasse ao cargo de Corregedor.

Observação: Como tudo na política, a partir de agora, vai ocorrer e influenciar a Eleição Presidencial de 2010, nós vamos qualificar os políticos, além do partido e do estado entre parênteses, com os adjetivos "serrista", "aecista", "lulista", dilmista" e "neutro". Havendo necessidade, crio outro adjetivo.

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