Eric Hobsbawm, historiador e filósofo, diz que o Século XX começou em 1914, com a Primeira Guerra Mundial, e terminou em 1990, com a queda do socialismo real. O Século XXI só começaria em 2001, com a queda do World Trade Center, nos EUA. O que seria, então, esse tempo entre 1990 e 2001? Uma "não-história"?!
Nesse tempo, o ser humano não fez, realmente, nada. Houve alguns acontecimentos, mas nada de brilhante ou notável.
Na segunda metade do século XIX (1851 - 1900), Nietzsche elaborou a idéia do niilismo, que é, em suma, uma força que leva o homem a nada ('nihil', do latim, significa 'nada'). Na época que formulou essa tese, disse que o niilismo atingiria o ápice em 200 anos, ou seja, entre 2050 e 2100. De certa forma, ele se aproximou.
Na minha opinião, o niilismo teve seu ápice no período 1991 - 2000. Todo pensamento, toda atitude, estatal ou privada, de 2000 pra cá, é reflexo desse período, tendo cada povo reagido de maneira diferente. Os ianques elegeram George W. Bush (2000), os brasileiros elegeram Luís Inácio Lula da Silva (2002), e por aí vai.
Por quê Nietzsche "errou" em 60 anos? Ainda na minha opinião, por causa das duas guerras mundiais: apesar de ele ter provavelmente previsto a 1ª Guerra, não previu a 2ª Guerra Mundial, nem a Guerra Fria.
Enfim, por quê estou falando tudo isso? Barack Hussein Obama, Presidente dos Estados Unidos da América, é conseqüência do grande período de niilismo que tiveram, do segundo mandato de Bill Clinton a segunda metade de George W. Bush. O niilismo brasileiro foi tão longo quanto, do mandato de Itamar Franco até o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso.
Aí, me vem à mente: depois de 8 anos de niilismo no Brasil, vamos chegar a ter 8 anos de utilização de 100% da capacidade do Estado para as mudanças sociais. Mas, e aí? O que vem depois? Mais niilismo, com José Serra, ou queremos 200% da capacidade do Estado para as mudanças sociais, com Dilma Roussef?!
Para mim, o niilismo é mais do que uma influência no pensar (e definitivamente, na época do niilismo brasileiro, o povo brasileiro não pensou), nas atitudes (no niilismo brasileiro, parecíamos paralisados, como uma catarse), também são as atitudes do governo em relação aos seus súditos. Definitivamente, não é coincidência que o período de 1991 a 2000 tenha sido o ápice do neoliberalismo no Brasil, com zero atitudes por parte do Governo Federal, e o livre mercado transformado numa religião.
Aplicar a idéia do niilismo na política brasileira é uma das maneiras de entendê-la.
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