sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

À Esquerda...

O registro do primeiro partido, depois da redemocratização, que se diz de esquerda é de 11 de fevereiro de 1982 - registro do PT - Partido dos Trabalhadores - no TSE.

Mas, historicamente fundado, o primeiro partido é o PCB - Partido Comunista Brasileiro, registrado mais recentemente em 09 de maio de 1996. Na história, sua fundação é de 1922, ano em que o Brasil completou 100 anos de independência. Não havia ano mais justo para a fundação do partido que iniciaria o movimento de esquerda no Brasil.
Para vocês verem a opressão que se fez durante o período de "existência" do partido, eu adianto que a licença do partido foi cassada 4 vezes durante estes 86 anos de "existência" - com aspas, até porque, mesmo declarado ilegal, seus membros não podiam parar de agir em prol do socialismo.

Se em 25 de março de 1922 ele foi fundado, em junho do mesmo ano sua licença foi cassada pela primeira vez pelo Presidente Epitácio Pessoa.
Volta a legalidade em janeiro de 1927, quando elege Azevedo Lima para a Câmara dos Deputados. Retorna a ilegalidade em agosto do mesmo ano. Já com Luís Carlos Prestes, o PCB passa a participar da Aliança Nacional Libertadora - ANL (que talvez eu explique em outra postagem o que é).

Sob o comando de Prestes, em 1935, acontece a Intentona Comunista (revolta retratada no filme "Olga"), em que se pretendia derrubar o Governo de Getúlio Vargas e implantar um governo socialista no país. Por causa disso, em 1937, Vargas implanta o Estado Novo, uma ditadura civil, passando a perserguir os comunistas.
Somente em 1945, com o fim do Estado Novo e com Prestes tendo sido anistiado, o PCB volta a legalidade, elegendo 14 deputados federais e um senador, o próprio Prestes, para a Assembléia Constituinte, para redigir uma nova Constituição em substituição a de 1937, outorgada por Vargas para a sua ditadura.
Com duzentos mil filiados em 1947, seu registro eleitoral é cassado pela terceira vez em abril, no Governo do General Gaspar Dutra (eleito "democraticamente", primeiro presidente discípulo de Vargas). No ano seguinte, seus parlamentares têm seus mandatos cassados.

Em setembro de 1950 o PCB institui uma campanha de legalização da sigla, o que o faz realizar várias mudanças: no nome (de Partido Comunista do Brasil para Partido Comunista Brasileiro, mantendo-se a sigla), no programa e nos ideias (abandono dos ideias maxista-leninistas). Posteriormente, o nome Partido Comunista do Brasil e a sigla PCdoB foram restaurados.
Se reorganizaram, e em 1962 a organização política foi alinhada com o Partido Comunista Chinas (PCCh), e, posteriormente, com a linha ideológica do regime comunista da Albânia e de seu líder Enver Hoxha.

Em abril de 1964, o regime ditatorial militar impôs o quarto período do partido na ilegalidade. Assim o foi até a anistia de 1979, quando seus dirigentes podem voltar ao Brasil. Mas, dos que estavam por aqui, muitos já se juntavam a frentes amplas de trabalhadores, embriões do Partido dos Trabalhadores.

A partir de 1989, com a crise do Leste Europeu e crise de representatividade (perdendo espaço para o PT), surge também uma crise dentro do PCB. Se divide, a grosso modo, em dois grupos: um grupo liderado pelo então senador Roberto Freire, que desejava abraçar o ideal social-democrata recém-surgido no Brasil com os partidos PT e PSDB, abandonando a revolução social e a herança soviética (até mesmo depois do fracasso da invasão do Afeganistão); e outro grupo liderado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, cartunista Ziraldo e outros intelectuais (de verdade!), que desejavam fazer uma análise do quadro da crise do Leste Europeu.
Roberto Freire consegue aprovar um congresso-relâmpago, onde pessoas não-filiadas decidiam o futuro do Partidão, conseguindo fundar o PPS - Partido Popular Socialista.
Após intensa disputa jurídica, na qual Freire queria registrar como propriedade sua a legenda PCB e entregar todo o documento histórico às Organizações Globo (ai que vontade de falar uma coisa nessa hora...), o grupo comunista consegue manter a sigla e o partido, derrotando Freire.

Comentário: Hoje, o PCB pode falar que é um partido, de pessoas ilibadas, idôneas. Qualquer ofensa ao partido eu consideraria crime. Acho legítimo o PCB não aceitar se filiar aos partidos de centro-esquerda, como PT, PSB, PDT, etc. Mas, hoje não vivemos num mundo de extremos. Até, porquê, poderiam compreender que, se Lula saísse gritando aos quatro ventos a revolução, como faz Chávez, a Globo chamaria a população para derrubá-lo. Então, melhor uma revolução silenciosa do que uma com violência.
Talvez eu fale do PPS num texto pequeno, ou junto com outros partidos, porque o PPS se mostrou o que é: um partido de direita.

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